Artistas e autoridades se mobilizam pela reconstrução do espaço que abrigava o Teatro Vento Forte e a Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul, em São Paulo

A presidenta da Fundação Nacional de Artes, Maria Marighella, juntamente com uma comitiva da Funarte, participou de uma visita técnica realizada no local onde foi demolida, no dia 13 de fevereiro, a Casa Vento Forte: Centro de Arte e Cultura Integrada, no Parque do Povo, em São Paulo.
A visita aconteceu na última segunda-feira (24) e contou com a presença de artistas, autoridades e representantes de diversas entidades, entre eles Alessandro Azevedo, coordenador do Escritório Estadual do MinC SP e o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Integrantes do Grupo de Teatro Vento Forte e membros da Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul, que guiaram uma visita e compartilharam relatos sobre a importância histórica e cultural do espaço.
A presidenta da Funarte, Maria Marighella, destacou a brutalidade da destruição e a urgência de ações para reverter o cenário. “Primeiro é dizer: teatro não se derruba. Teatro é experiência da democracia, da política na arte. Esse é um patrimônio do teatro brasileiro, elo da relação do teatro com a cidade, com os públicos, com a cidadania. Estamos aqui para empreender um processo de reestruturação e levantamento desse equipamento. E concordamos em absoluto que cultivo e cultura se fazem no território. Elas nascem de um lugar. Não podem ser deslocadas arbitrariamente. Portanto, a ideia de transferência do teatro e da escola de capoeira para algum lugar também não pode ser uma ideia aceitável para quem sabe que cultura é cultivo, é território, é semente de um lugar”, afirmou a presidenta da Funarte.
Ela também ressaltou a necessidade de articulação e mobilização para a reconstrução do espaço e a responsabilização pelo ocorrido: “Não podemos simplesmente transferir essa responsabilidade ao Ministério da Cultura ou a outras instâncias. Precisamos cobrar do poder público local sua devida atuação. Estamos em uma república federativa, em que cada um tem papel. Vamos precisar encontrar maneiras de seguir assim. Propor diálogos, junto com a sociedade civil organizada, mas também articular um conjunto de iniciativas que precisam ser feitas – e nós estaremos presentes”, declarou.
Durante o encontro, integrantes do Teatro Vento Forte enfatizaram a gravidade da destruição, que resultou na perda de um valioso acervo artístico e cultural, afetando profundamente a comunidade artística e a memória cultural brasileira. “Tudo aqui foi muito bem pensado durante a construção. Havia o coreto no meio, que era o coração do espaço. Tudo ficava em círculo, voltado para esse coreto. Tínhamos três teatros, um para bonecos, que era a vocação do Ilo Krugli, fundador do grupo; um teatro mais convencional e um teatro de arena. Tínhamos quatro portões, com os quatro elementos da natureza muito presentes. Por muito tempo, esse espaço exerceu um processo de formação muito grande. Anos e anos de oficinas acontecendo de maneira muito peculiar”, conta Rodrigo Mercadante, integrante do Grupo Teatro Vento Forte.
O deputado federal Guilherme Boulos destacou a articulação de um grupo de parlamentares — federais, estaduais e municipais — junto a órgãos como o Ministério da Cultura e a Funarte. “Esse é o caminho que estamos trilhando, a partir de agora, para o teatro e, reitero, para a capoeira. Um caminho que aponta para o futuro, para que possamos realizar essa reconstrução”, afirmou o deputado.
Entre outras medidas, Alessandro Azevedo, coordenador do Escritório Estadual do MinC SP, mencionou que a cidade de São Paulo recebe R$ 68 milhões do repasse da Lei Nacional Aldir Blanc. “Dentro dos novos regramentos da PNAB, existe a possibilidade de destinar parte desses recursos para a reconstrução, reforma e construção de imóveis e espaços culturais. Essa é uma das propostas que estamos levando à Prefeitura de São Paulo”, explicou Azevedo.
A Casa Vento Forte foi a sede do emblemático Grupo de Teatro Vento Forte, fundado por Ilo Krugli, referência no teatro de formas animadas e na formação de gerações de artistas. Além disso, o espaço abrigava a Escola de Capoeira Angola Cruzeiro do Sul, liderada pelo Mestre Meinha, um núcleo de resistência e preservação da capoeira angola, manifestação cultural reconhecida como patrimônio imaterial da humanidade.Categoria
Cultura, Artes, História e Esportes
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